segunda-feira, 19 de maio de 2008

imaginações












Na era pós-industrial “todo ato científico, artístico e político visa a eternizar-se em imagem técnica, visa a ser fotografado, filmado, videoteipado. Como a imagem técnica é a meta de todo ato, este deixa de ser histórico, passando a ser um ritual de magia. Gesto eternamente reconstituível segundo o programa.” Esse trecho da Filosofia da Caixa Preta me fez pensar bastante no que eu fotografei em São Luís.


Revendo as fotografias, percebi a quantidade de câmeras, microfones, máquinas fotográfica, etc, que apareciam involuntariamente no quadro. Mesmo enquanto fotografava, em certo momento voltei o olhar para essas outras lentes, mudei meu objeto fotografável. A festa possuía um outro aspecto, além do religioso-popular, além do consumista-turístico. Aspecto do qual eu (também) fazia parte: um certo aspecto mágico. Não o momento mágico do Cartier-Bresson, mas o mágico da imagem e de seu processo de construção, a imaginação. Havia um grupo de pessoas ali que não possuía fé nos rituais, nem estava ali simplesmente consumindo o evento; pessoas que estavam magicizando a festa, capturando aqueles conceitos de mundo (conceitos, produtos de toda ciência, religião ou ideologia) e congelando-os num espaço-tempo próprios, seja do vídeo, seja da foto. A festa ganhava um novo significado a partir disso, assim como já havia ganho outro significado com a chegada dos turistas na cidade. Mais que isso, quando adquire novos significados, a festa se transforma em outra coisa, que incorpora estes novos aspectos.

Portanto, com aquele redirecionamento de olhar, não foi um novo objeto que passou a ser observado; foi meu ponto de vista que mudou, mudou a região do fenômeno fotografado que estava sendo abordada, realizada, experimentada. O objeto festa é um fenômeno complexo, com múltiplas linhas que o constituem, linhas que são portanto todas intrínsecas a ele. Assim, não só a “imagem técnica é a meta de todo ato”, mas também “o ato” é “ritual de magia”, na medida em que de um lado a fé passa a ser encenada, e de outro a unidade aparelho-operador (fotógrafo-câmera, repórter-microfone, não importa) passa a transcodificá-lo em cenas.

* aliás, o trecho citado está na página 18 do livro.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

SOLFA

" O DIVINO VAI AVOANDO
ESTA SAGRADA BANDEIRA
DERRAMA A SANTA BENÇÃO
NESTA TERRA BRASILEIRA"

segunda-feira, 12 de maio de 2008